04/07/2019

Estamos cada vez mais longevos, ativos e dinâmicos. Essa realidade está presente em toda a sociedade e, notadamente, nas empresas. O sonho da aposentadoria precoce não é de todos, há muitos que querem permanecer trabalhando ao longo de toda a vida, principalmente se são os fundadores de um negócio de sucesso.

Assim, as empresas familiares possuem um grande desafio: planejar e organizar a sucessão!

Quanto mais ativo e dinâmico o fundador, mais desafiador o processo de sucessão, pois permanecer no trabalho é elemento para a própria definição de sua identidade como ser humano produtivo e colaborativo.

No entanto, para o sucesso e durabilidade do empreendimento, é necessária a sucessão. Todos nós morreremos um dia, teremos que passar nosso bastão adiante. Por que não fazermos isso enquanto estamos saudáveis e lúcidos?

E o pior é que essa difícil decisão deve ser tomada em um ambiente de grande complexidade, pois a dinâmica das sociedades familiares envolve questões de ordem emocional, legal, patrimonial e administrativa.

Nessas ocasiões, não basta apenas o conhecimento, a experiência de vida e o sucesso financeiro do negócio, mas elevado grau de maturidade e flexibilidade, de saber lidar com perdas: de poder, de identidade e, às vezes, de lucros imediatos.

Mas o processo não precisa, necessariamente, ser doloroso. Há formas de organizar sem tantos traumas o processo sucessório, tais como o acordo de acionistas, a instauração do conselho de administração e a profissionalização da gestão através de sistemas de governança corporativa.

A racionalidade da economia e das finanças não é suficiente  para um saudável processo sucessório. Devem ser levados em consideração os sentimentos que estão presentes na vida das pessoas e das empresas, notadamente as relações familiares.

Considere-se, ainda, que da segunda geração em diante, na sociedade familiar, há sócios que não se escolheram mutuamente e pode, simplesmente, não estar presente o desejo de manter o vínculo societário. Para uma sobrevivência saudável das empresas, é necessária a existência do que o direito define como “affeccio societatis”, ou seja, a afeição, o desejo de permanecer junto.

É preciso coragem para olhar para dentro da empresa familiar e verificar se há o desejo de manter o vínculo societário. É necessária maturidade do fundador para ouvir e acolher as escolhas de cada herdeiro. É possível a profissionalização da gestão, deixando que os herdeiros, permaneçam donos, proprietários, com direito a voto, mas sem gestão, se for o melhor caminho para manutenção do vínculo familiar e societário.

Há inúmeras possibilidades que podem ser aplicadas de acordo com cada realidade familiar e empresarial. Em pleno Século XI, precisamos conhecer, escolher, tentar, inovar, reinventar nossa forma de viver, principalmente, diante de um negócio de sucesso para que ele permaneça próspero e rentável.  

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